Primeiro Ensaio + Entrevistas músicas PcD

Em agosto tiveram início os ensaios do projeto “Musica Inclusiva” sob o comando do Maestro Rodrigo Vitta que conduz o corpo musical da Orquestra Metropolitana agregando músicos vindos de várias experiências e vivências.

A Orquestra é composta por trinta e sete músicos, sendo quatro deles com deficiências que não os diferenciam dos outros em meio ao espetáculo de sons de cordas, madeiras, metais e percussão que o concerto oferecerá.

O objetivo do projeto e formar uma mescla de músicos profissionais com suas mais variadas formações mostrando o verdadeiro conceito da inclusão e acontecerá nos dias 08, 09, 22 e 23 de outubro, a partir das 20 horas, no teatro Paulo Eiró. Os ingressos são gratuitos e limitados.

A orquestra é composta por trinta e sete músicos sendo quatro deles PcD, além do Maestro e do solista de piano Júlio César de Souza, ex-jogador do Corinthians, que perdeu a audição após a aposentadoria dos gramados e que aprendeu a tocar piano após isso.

“Sempre trabalhei com música, é a minha paixão, mas mantinha outras atividades remuneradas para prover a renda, já que é complicado viver com a música. Sofri um acidente de trabalho como operador de empilhadeira e aí perdi o movimento da minha mão e foi aí que o meu mundo desabou. Segundo os médicos, depois de três cirurgias, eu não poderia mais tocar e foi difícil, fiquei durante três anos sem conseguir movimentar a mão, mas com muito trabalho e fisioterapia consegui. Hoje tenho sequelas, não tenho o movimento do meu quinto dedo, mas consegui voltar a tocar e continuei seguindo como trombonista profissional. Sempre gostei de voluntariar em ONGs e senti a falta de conhecer um projeto de música para pessoas com deficiência e aí você vê que não tem inclusão, tem profissionais, como no meu caso, que tem deficiências consideradas leves e eu conseguia me manter na música. Foi quando conheci a OPESP, que boa parte dos músicos também estão aqui, e aí conseguimos entrar no mercado de música clássica, a minha formação é mais em música popular mas estudei a erudita também e aí conheci o Daniel e para mim está sendo um prazer muito grande participar desse projeto e uma coisa é fazer algo para pessoas consideradas normais e outra para PcD, temos que ter inclusão e a inclusão é ser inserido, pois apesar da limitação física não haverá impedimento de fazer, ele apenas terá o tempo e a forma de fazer que talvez seja de forma diferente, como se deu comigo, hoje faço as mesmas coisas que fazia antes, mas precisei me reinventar, e a inclusão é você dar para as pessoas com deficiência a oportunidade de fazer as mesmas coisas que as “pessoas normais” fazem, só que de forma adaptada. Então para mim é muito gratificante participar desse projeto e seria bem legal se as pessoas tivessem consciência de participar de um projeto desses ou que surgissem vários que pudessem incluir as pessoas nas grandes orquestras, nas artes. Não existem projetos onde os deficientes deixam de ser coadjuvantes e sim, incluídos pela sua capacidade pessoal junto com os demais.”  – “Tiago Moreira, 40 anos, trombonista, trabalha profissionalmente com música há mais de 20 anos. Formado em pedagogia, Gestão Comercial pela FATEC, especialização em Gestão de Projetos pela USP, morou em Buenos Aires por aproximadamente um ano para estudar economia e tem MBA. Atualmente faz mestrado em Políticas Públicas pela USP e mesmo falando outra língua fluente, e mesmo com toda a expertise adquirida durantes os anos, sente dificuldades “Vemos que o mercado para o PcD não é tão igual, as empresas estão condicionadas a contratarem pela “cota” e não pela formação da pessoa. Mesmo com graduação e experiência é difícil, existe a diferença de salário dos demais que não têm deficiência. Inclusão é quando a pessoa consegue ter a oportunidade de provar que é capaz de participar do processo como os demais”, conclui.

“Comecei na música em 2009 tocando violino e depois passei para a viola em 2013. Tenho visão monocular, enxergo só do olho direito, isso é decorrente de um acidente com a bicicleta  e tive lesão no nervo ótico, me levando a perder a visão do olho esquerdo.

Comecei na música em igreja, depois em projetos sociais, consegui uma vaga na Escola Municipal de Música onde tenho toda uma formação e em 2017 consegui uma bolsa e me formei em Música em 2020.

Há dois anos decidi mudar de carreira por conta da instabilidade e comecei a estudar Tecnologia onde consegui uma colocação no mercado, me afastando um pouco da música, mas recebi o convite de um amigo para integrar esse projeto e confesso que me traz de volta o prazer da arte.” Matheus Assunção, 25 anos, Viola.

Comecei a fazer aulinhas desde a infância, mas comecei a tocar profissionalmente faz uns dois ou três anos. Comecei por estudos esporádicos, passei por uma orquestra amadora, depois sinfônica, banda de rock, e fui passando por diferentes linhas artísticas musicais, e profissionalmente comecei em 2022 na OPESP orquestra Parasinfônica de São Paulo.

Através do grupo da Orquestra Parassinfônica de São Paulo, OPESP, vi o convite e já mandei mensagem e conheci o Maestro que já tinham me falado muito bem e realmente fiquei aliviada em saber que ele é ótimo. Há poucas oportunidades para pessoas com deficiência tocarem, as pessoas pensam que nós somos menos profissionais, menos capazes, menos inteligentes, então toda vez que tem um projeto relacionado a isso eu tento galgar algum lugar.

Desde os quatro anos queria ser violinista e não conseguia falar devido as minhas dificuldades neurológicas, tenho baixa mobilidade, TEA e outros transtornos neurológicos e assim que tive capacidade pedi para tocar, mesmo assim não foi permitido e aí eu só aprendi a tocar violino aos 19 anos. Nesses dez anos tentei sair do violino, mas não consegui porque no meu caso é uma questão de necessidade e não necessariamente de desejo. Não escolhi o violino, ele me escolheu e a música é um dos momentos em que eu me sinto bem é quando estou tocando violino, apesar do estresse e do cansaço é uma das poucas coisas que dão sentido” Flavia Martins, 29 anos, Violino.

“Comecei com quase 16 para 17 anos mas conheci o clarinete com 10 anos em um projeto da escola que se chamava “Musicalizando e Alfabetizando” e a cada semana os professores levavam um instrumentos diferentes, mas lembro só do clarinete e a professora tocou “Asa Branca” e a partir dos meus dez anos decidi que queria ser clarinetista. Tive algumas dificuldades até começar a estudar devido a minha condição, TEA, e pelas condições de locomoção devido à distância, morava em Peruíbe, e era um pouco difícil chegar ao local por isso só comecei a estudar mesmo aos dezessete anos.

Mandaram mensagem sobre o projeto no grupo da OPESP e toda vez que a gente vê algum projeto que é relacionado a músicos PcD, a gente participa porque já sabemos que vai ser uma coisa mais fácil para a gente participar. Também toco em outros lugares, mas quando a gente sabe que vai ter acessibilidade a gente fica mais tranquila na hora de ensaiar e apresentar porque geralmente quando vamos aos lugares, já estamos acostumados a ver as pessoas nos julgarem. Então quando a gente sabe que vai ter acessibilidade, traz uma tranquilidade, os ensaios estão muito satisfatórios e eu acho que os concertos vão ser muito bons.” Susele Raquel, 32 anos, Clarenitista. O projeto “Música Inclusiva” é um concerto inédito e inclusivo comandado pela batuta do Maestro Rodrigo Vitta que traz na composição da Orquestra Metropolitana músicos profissionais com e sem deficiência provando que em meio ao espetáculo de sons de cordas, madeiras, metais e percussão não existem diferenças.

 

Música Inclusiva traz orquestra com músicos com e sem deficiência

Um espetáculo de sons de cordas, madeiras, metais e percussão mostrando que não existem diferenças

Nos dias 08 e 09 de outubro o teatro Paulo Eiró receberá o projeto “Música Inclusiva” com a Orquestra Metropolitana regida pelo seu criador, o Maestro Rodrigo Vitta que executará obras de compositores que também possuíam alguma deficiência. Um dos solistas convidados é o ex-jogador do Corinthians “Júlio César de Souza” que aprendeu a tocar piano após perder a audição executando a obra “Concerto para piano e orquestra n.1 “Jogadas da Vida”, de sua autoria.

Mais quatro músicos portadores de deficiência farão parte do corpo musical: Elias Santos de Oliveira (Violino), Flávia Martins de Santana (Violino), Matheus Santana Assunção (Viola) e Tiago Moreira dos Santos (Trombone) que se mesclam com os demais componentes comprovando que em meio ao espetáculo de sons de cordas, madeiras, metais e percussão não existem diferenças.

A soprano Victoria Vitta fará a sua estreia como solista com a obra “Pavane para Soprano e Orquestra”, de Gabriel Fauré; e entre os clássicos apresentados estarão: VITTA, R.  – Abertura Sinfônica “O homem e o tempo”; FAURÉ, G.  – Pavane para soprano e orquestra; BEETHOVEN, L. van –  Sinfonia n.1 em Dó maior; SOUZA, Júlio C.  – Concerto para piano e orquestra n.1 “Jogadas da Vida”.

O projeto é uma realização do Instituto Humanus para Pessoas com Deficiência e para garantir o ingresso gratuito, basta acessar o site https://musicainclusiva.com.br/ e preencher os campos. O evento contará com espaço para 50 cadeiras de rodas além de espaço para pessoas com mobilidade reduzida, Audiodescrição e Libras.

Projeto “Música Inclusiva”

Dias 08, 09, 22 e 23 de outubro

Horário: 20 horas

Local: Teatro Municipal Paulo Eiró

End.: Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo – SP

(próximo à estação Adolfo Pinheiro, linha Lilás do Metrô e diversas linhas de ônibus)

Entrada Franca

Ingressos exclusivamente pelo site www.musicainclusiva.com.br

Estacionamentos particulares nas imediações

Ficha Técnica:

Regente: Maestro Rodrigo Vitta

Solistas: Victoria Vitta e Júlio César de Souza

Orquestra Metropolitana

Apresentação: Professor Duda (Rodolfo Sonnewend)

Realização: Instituto Humanus para Pessoas com Deficiência

Produção: Soulitude Áudio e You Comunicações

Compositor e produtor do projeto Música Inclusiva: Daniel Guimarães

Mais informações para a Imprensa:

Cida Candido / Instituto Humanus

Fone (11) 98997-4865

 

 

 

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